Tudo começou com um vídeo viral, no Senegal, onde um cadáver de um homem é desenterrado e arrastado para fora de um cemitério por uma multidão. Assim que o vê, nasce um interesse em Ndéné Gueye, um jovem professor de Letras decepcionado com o ensino e cansado da hipocrisia moral da sua sociedade, quase uma obsessão por este acontecimento. Quem foi este homem? Por que seu corpo foi exumado? A essas perguntas, apenas uma resposta: ele era um Goor-Jigéen, um "homem-mulher". Em outras palavras, um homossexual: pecado final, culpa absoluta em um país onde a religião governa os costumes e as relações sociais. As discussões de Ndéné com sua amante, Rama e alguns encontros com Maniang Niang, travesti, estrela brilhante do folclore local; com Demba, um jovem garçom, vão aos poucos o ajudando a entender, em um contexto social cada vez mais tenso, a realidade da condição dos homossexuais no Senegal.
Enquanto ao seu redor nascem suspeitas e boatos, Ndéné tenta enfrentar a única grande questão que lhe vale a pena: como encontrar a coragem de ser plenamente ele mesmo, sem se trair ou mentir.
Homens de verdade, de Mohamed Mbougar Sarr, se revela um romance essencial para se pensar o cerceamento da liberdade em algumas sociedades, assim como, o incontornável, universal e inevitável encontro consigo mesmo.