A obra Poesia Reunida e Inéditos (selo Escrituras) concretiza uma antiga aspiração dos admiradores de Florisvaldo Mattos: ver reunida, no seu conjunto, sua poesia, dos anos 1950 até os nossos dias. Como diz Alexei Bueno, no texto das orelhas, o livro representa “meio século de expressão lírica de um grande poeta grapiúna, soteropolitano, baiano brasileiro e universal (...) um dos poetas com mais requintado senso da terra, da coisa rural, dos mais ligados a seu momento histórico”.Entre os poetas brasileiros surgidos na década de 1960 -- fase extremamente criadora, aqui e no mundo -- um dos altos postos pertence a Florisvaldo Mattos. Sua obra poética, dominada por uma dicção fortemente pessoal, é, ao mesmo tempo, de uma abrangência e de uma variedade que desconcertam qualquer crítico.Um dos polos essenciais da criação de Florisvaldo Mattos, como destaca JC Teixeira Gomes no prefácio do livro, “é o cultivo de um lirismo sempre comedido, trabalhado com extrema propriedade de recursos, sendo certamente o único na sua geração que transita do lírico para o épico com absoluta naturalidade, mestre nos dois caminhos poéticos, consciente do poder que tem sobre as palavras”.O vasto conjunto lírico que encontramos nesta Poesia reunida e inéditos representa, portanto, um monumento da poesia brasileira de entre a segunda metade do século passado e a primeira década do presente, erguido por um espírito agudamente atento ao tempo e dele liberto, como sempre é, paradoxalmente, o dos grandes poetas.